Em 1881 Warren Tay, oftalmologista britânico, foi o primeiro a perceber as características clínicas da “amaurose infantil idiopática” ao observar pontos vermelho-cereja na retina de uma criança de um ano de idade com atraso físico e mental.
Bernard Sachs, neurologista americano, em 1896, estabeleceu o termo amaurose familiar idiopática, após notar uma distensão citoplasmática neuronal, e reconheceu a sua prevalência em judeus.
A compreensão da doença de Tay-Sachs, como ficou conhecida, teve que esperar pelo desenvolvimento de análises químicas, bioquímicas e histoquímicas. Isso perdurou até 1930 quando o bioquímico alemão Ernest Klenk identificou o material depositado no cérebro de pacientes com amaurose idiopática como um novo grupo de glicoesfingolipidos ácidos e nomeou-os de “gangliosídeos”, porque eram encontrados em grande quantidade nas células ganglíonares normais.
O principal composto armazenado nos neurónios é o gangliosídeo GM2, o qual foi identificado por Svennerholm em 1962. Esta estrutura foi elucidada por Makita e Yamakama e confirmada por Ledeen e Salsman.
Os níveis de hexosaminidase nos pacientes com Tay-Sachs estavam sempre próximos do normal ou levemente elevados, pois até então, ainda não eram conhecidas as stirling (uma espécie de aproximação, para ser mais fácil identificar os valores); através da técnica da eletroforese, foi constatado que a hexosaminidase esplénica humana poderia ser separada em duas formas, uma ácida, termolábil – hexosaminidase A e uma básica, termoestável – hexosaminidase B.
Em 1960, Okada, O’Brien e Sandhoff demostraram que a actividade de um componente da hexosaminidase A estava ausente em pacientes judeus com a doença de Tay–Sachs. Esses achados logo levaram a um diagnóstico bioquímico da doença, ao rastreio de portadores e ao diagnóstico pré – natal em gestações de risco.
O termo Gm2 gangliosidoses foi introduzido por Suzuki e Chen para as desordens caracterizadas pela acumulação primária de gangliosídeo Gm2 resultante do bloqueio do seu catabolismo.
O período subsequente da investigação foi estimulado pela purificação das hexosaminidases, pela descrição do metabolismo através de experiências em culturas de fibroblastos e pela clonagem de cDNA (DNAcomplementar) e de genes; seguidos por estudos similares com a proteína activadora de Gm2, cDNA e genes.
O conhecimento da proteína primária e das estruturas genicas, proporcionou o entendimento detalhado da biossíntese e do processo subcelular das hexosaminidases e do activador do Gm2, abrindo caminho para a definição das gangliosidases Gm2 em termos moleculares.